Nos dias 9, 29, 30 e 31 de outubro, as psicólogas Aline Martins, Ana Maria e a assistente social Jane Costa, ministraram a formação sobre “Autoestima” para os referentes familiares dos Polos de Atendimentos do MCVE. A formação sobre autoestima foi organizada com foco nos três pilares essenciais: autoconhecimento, autoaceitação e autoconfiança. Durante o encontro, as participantes compartilharam vivências e refletiram sobre os desafios de desenvolver uma autoestima positiva em meio às pressões e expectativas sociais.
Nas atividades realizadas, foi notável que muitas mães enfrentam dificuldade para identificar e valorizar suas próprias qualidades. Durante uma das dinâmicas, as participantes foram incentivadas a mencionar duas qualidades pessoais. No entanto, a maioria relatou que seria mais fácil apontar defeitos. Esse comportamento reflete o viés de negatividade, um processo cognitivo comum que leva as pessoas a darem mais peso a experiências e autopercepções negativas do que positivas.
Muitas participantes justificaram essa dificuldade pela constante exposição a críticas ao longo da vida, enquanto as qualidades raramente são reconhecidas ou elogiadas. Esse tipo de relato sugere a internalização de críticas - um processo pelo qual as críticas repetidas acabam sendo incorporadas como parte da autoimagem, dificultando a construção de uma visão equilibrada e positiva de si mesmas. Esse ciclo de autocrítica contribui para a baixa autoaceitação e dificulta o desenvolvimento de uma autoestima saudável.
Também observamos que algumas participantes com autoestima mais elevada compartilharam práticas diárias de autocuidado e bem-estar, como atividades físicas e caminhadas, o que estimulou outras mães a considerarem ações similares para beneficiar sua saúde mental e física. Esse exemplo de modelagem social positiva desempenhou um papel motivador, promovendo uma troca de experiências que fortalece a confiança coletiva no grupo.
Propusemos uma reflexão sobre como as normas sociais afetam a autoestima. Discutimos o impacto do modelo idealizado de perfeição imposto pela sociedade, que cria padrões muitas vezes incompatíveis com os valores individuais. Essa imposição social cria uma espécie de “manual de adequação” que, por mais que seja seguido, pode resultar em uma sensação de insuficiência e autocrítica severa, uma tendência identificada na psicologia como autocrítica rígida.
Ao buscar atender a essas expectativas externas, as participantes podem experimentar dissonância cognitiva - um desconforto interno que surge ao tentar alinhar comportamentos e crenças conflitantes. No contexto da autoestima, essa dissonância pode ocorrer quando a pessoa tenta se adequar a padrões que ferem seus valores pessoais, comprometendo o desenvolvimento da autenticidade. A autenticidade é crucial para uma autoestima sólida, pois envolve ser verdadeiro consigo mesmo e fiel a seus valores, independentemente das opiniões alheias.
Enfatizamos a importância do autoconhecimento como ponto de partida para uma autoestima fortalecida. O processo de entender quem realmente somos - incluindo valores, capacidades e limitações - permite o desenvolvimento de uma autoestima mais saudável e autêntica. Ao aprofundar o autoconhecimento, torna-se mais fácil alcançar a autoaceitação. Essa aceitação envolve acolher tanto os aspectos positivos quanto negativos de si, sem a necessidade de validação externa, o que facilita um relacionamento mais gentil e acolhedor consigo mesmo.
Por fim, discutimos a construção da autoconfiança, que é a capacidade de confiar nas próprias habilidades, decisões e valor. A autoconfiança floresce quando a pessoa é capaz de reconhecer seu valor de forma independente das opiniões externas. Essa segurança interna fortalece a autoestima e cria um suporte essencial contra pressões e críticas, permitindo que a pessoa se posicione de forma autêntica e fiel aos próprios valores.
Conclusão
Ao final da formação, reforçamos que a construção da autoestima é um processo contínuo e interno, que exige dedicação e autocompaixão. Através das reflexões e dinâmicas propostas, as participantes perceberam que uma autoestima sólida não se constrói para agradar ou satisfazer as expectativas dos outros, mas para sustentar o próprio bem-estar. Quando cada pessoa valoriza seus próprios méritos e aceita suas limitações, constrói uma autoestima que é capaz de suportar os desafios e as pressões sociais, permitindo-lhe viver de forma mais plena e autêntica.